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quinta-feira, 12 de maio de 2011

Preconceito: como vencer esse sentimento devastador.

A intolerância é banal, está presente em pequenas e grandes coisas, de forma escancarada ou vergonhosamente sutil. Você pode até negar, mas o fato é que todas nós temos, sim, algum preconceito. O primeiro passo para vencer a discriminação racial, social, religiosa ou por orientação sexual é reconhecer que esse sentimento devastador faz estragos na vida do outro e em toda a humanidade.

Sim, eu tenho preconceitos. E você também. É difícil aceitar que somos politicamente incorretos e que em algum nível há uma intolerância gratuita que insistimos em cultivar. “Não há ninguém sem preconceitos, e a pior armadilha é imaginar que você não tem”, diz o filósofo Mario Sergio Cortella. Na visão dele, agimos mal toda vez que rejeitamos uma ideia apressadamente ou aderimos a ela sem antes conhecê-la de fato. “Duas grandes forças estão por trás disso: a fragilidade de raciocínio e a arrogância tola, que não compreende a diversidade humana.” A recusa em admitir nosso lado obscuro – e tentar domá-lo – faz com que, cedo ou tarde, ele venha à tona com violência, como aconteceu com o estilista John Galliano, que implodiu a carreira ao brigar, num café, com o casal da mesa ao lado. Aos berros, chamou a mulher de “cara de judia suja”. Com a revelação antissemita, perdeu a vaga na Maison Dior.


Depois da derrubada das Torres Gêmeas, em 2001, ouvem-se de todo lado declarações tingidas de asco contra muçulmanos. Igualam todos os seguidores da fé islâmica (25% da população do mundo) ao punhado de homens que orquestrou a ação contra o World Trade Center, em Nova York. Não é preciso ir longe: no Brasil, de tradições católicas, há quem torça o nariz e considere o candomblé, a umbanda e as demais religiões de origem africana como manifestações ignorantes. Também são ridicularizados as saias e os cabelos longos das evangélicas. Muitos sentem-se incomodados diante de negros, gays, gordos, feios, índios, moradores de favela e de países do rotulado Terceiro Mundo.

“A globalização tem feito o preconceito aumentar. O acesso à informação e o crescimento econômico de desfavorecidos acirraram a disputa por espaço e poder. A resposta dos que estão no topo dirigida a esse movimento tem sido a intolerância. Ninguém quer perder privilégios”, explica Martim de Almeida Sampaio, coordenador da Comissão de Direitos Humanos da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). As raízes são profundas: “O preconceito tem um peso cultural, educacional e histórico”, afirma Maria Garcia, diretora do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional e professora da PUC-SP.

“Relaciona-se com os valores e com a maneira como nossa sociedade foi formada. Não podemos esquecer que sempre fomos um país pautado pelas elites.” A escravidão no Brasil – um dos últimos países a aboli-la, em 1888 –, que nos envergonha, é a razão mais conhecida da repulsa ao negro e ao pobre. Mas ela acabou há 123 anos. No entanto, famílias, meios de comunicação e escolas ainda deixam transpirar o racismo. “A lei proíbe, e isso é um avanço. Mas o que vai tornar a sociedade mais igualitária é a mudança de cultura e, para tanto, o comportamento de pais e educadores é fundamental.”

Bjs à todos,


Raquel  do  Valle

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