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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Danuza Leão e a quarentena do amor!

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Danuza Leão(Foto: Nana Moraes)
 
Quando um casal se separa, nenhum dos dois fica muito bem, claro; mas um sempre fica pior do que o outro. O que tomou as rédeas da separação sabe, mesmo sofrendo, que do jeito que estava não era mais possível; sabe também que depois de algum tempo a vida vai ficar melhor. A única coisa que atrapalha é saber que o outro está sofrendo.

Acontece com certa frequência que a separação tenha ocorrido porque apareceu outra pessoa, e nesse caso é preciso tomar todos os cuidados para não ferir quem foi deixado – não mais do que o necessário. Mesmo sendo o sofrimento inevitável, não custa nada poupar quem, durante um tempo, fez parte da nossa vida. Digamos que o personagem dessa história banal seja você, que se casou, um dia se apaixonou por outro, se separou e está pronta para ser feliz de novo. Ótimo. Mas, para manter certa elegância, é providencial guardar uma quarentena em relação a tudo o que diz respeito à nova vida sentimental que começa.

Passando da teoria à prática, vá na noite da primeira sexta-feira da nova solteirice para a casa do novo amado. Vocês dois, tão felizes, peguem papel e lápis para fazer duas listas. Da primeira farão parte os lugares aonde poderão ir nos próximos tempos; da segunda, aqueles onde não podem – não devem – aparecer sob hipótese alguma. Detalhe: quarentena de amor dura 90 dias.

O novo casal deve fazer um pacto: já que houve troca de parceiro, devem continuar na linha da troca. Ok, eles adoram um restaurante japonês, mas existem o da moda e os outros. Ah, os outros não são tão bons? Se o atum não é tão bem cortado, qual o problema? Para quem está tão feliz, qual a importância de, por uns tempos, comer um pouquinho menos bem? Por outro lado, nada mais simples do que pedir um sushi, o melhor da cidade, em casa. Aliás, um sushi, uma feijoada, um acarajé, tudo hoje pode ser pedido por telefone, e melhor do que qualquer caviar é se espichar no sofá comendo pipoca feita no micro-ondas quando o amor é novo. E se todos os filhos – os meus, os seus, os nossos – estiverem na mesma escola, manda a sensatez que os filhos do que quis a separação troquem de colégio. Apenas uma tentativa para preservar as relações familiares.

Se quiserem dar aquela corrida básica, não há a menor necessidade de ir correr em Ipanema ou na Lagoa domingo de manhã, e encontrar todos os amigos – ou ex-amigos (muitos terão de ser trocados também). Para quem quer mesmo se exercitar existem a Barra, a Floresta da Tijuca, as praias de Niterói, e se os novos namorados acham que é pouco, o Ibirapuera está ali mesmo, a 50 minutos de voo, em São Paulo. Se a vida fosse como deveria ser, essa mulher que encontrou um homem que, tudo indica, vai fazê-la feliz deveria pensar às vezes no que deixou para trás. No que está só, talvez se sentindo humilhado e sem nenhuma esperança – ainda – de voltar a se apaixonar. Não, não é preciso pensar nele com muita frequência. Basta, por uns tempos, evitar a exibição de sua nova felicidade – o que, aliás, não custa. Apenas uma questão de delicadeza.

Bjs!!

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